Os “plant-based fabrics”, ou tecidos à base de plantas, são biodegradáveis e podem ser uma alternativa mais sustentável para o setor têxtil
Antes de descobrir o que são os “plant-based fabrics”, vamos conhecer um pouco da história de um tipo de tecido que ganhou o mundo nos anos 60: o poliéster.

Em 1941, Whinfield e Dickson, os donos da patente do tão conhecido e utilizado PET (politereftalato de etileno), um tipo de plástico que é a base das fibras sintéticas, com a ajuda de outros dois inventores, Birtwhistle e Ritchiethey, criaram o primeiro poliéster chamado terileno. Em 1960, o mundo percebeu que esse tipo de tecido oferecia várias vantagens, tais como maior resistência, conforto e cores mais vivas em relação aos de fibras naturais como o algodão. A produção desse e de outros tecidos à base de fibras sintéticas cresceu e então ganhou o mercado e ainda é muito produzido e popular. Entretanto, devido à crescente busca por uma moda mais sustentável, a produção e consumo desse tipo de tecido tendem a diminuir no futuro.
Você pode se perguntar: “Ah, mas se o poliéster é feito de PET, ele não pode ser produzido a partir de garrafas recicladas?”, a resposta é sim! Aliás, grandes seleções de futebol utilizam esse processo nos seus uniformes, o que, por sua vez, acarreta a redução de aproximadamente 70% no gasto de energia se comparado ao que seria necessário para produzir uma fibra do zero, apesar disso, a utilização de fibras de plástico na Indústria gera um alto consumo de água. Além de ser derivado do petróleo, não é biodegradável, ou seja, pode demorar até 400 anos para se decompor naturalmente e ainda, quando lavado em casa, pode liberar quantidades de microplásticos, um dos maiores poluentes dos oceanos.
Mas afinal, o que tudo isso tem a ver com os “plant-based fabrics”?

Bom, o termo “plant-based fabrics”, ao pé da letra, significa tecidos à base de plantas, ou seja, refere-se a tecidos produzidos a partir de fibras naturais como o algodão, a seda e o linho, ou como no caso da viscose, de fibras artificias que são obtidas por meio do tratamento de algum componente vegetal como a celulose (importante na composição estrutural das células vegetais). Roupas produzidas com base em plantas são biodegradáveis, o que chama a atenção de quem busca aderir a uma moda eco-friendly (amiga do meio ambiente), entretanto, nada muda a boa e velha prática de sempre verificar a origem das matérias-primas. Uma roupa feita com base biodegradável pode ser prejudicial ao meio ambiente se, para a produção da matéria prima de origem, tenham sido usados muitos agrotóxicos ou que ela venha de áreas desmatadas. Toda atenção é importante!
Mas, se todos esses tecidos, independentemente do tipo de fibra usada, podem gerar algum impacto ambiental negativo, como adotar uma moda mais sustentável?

Um dos caminhos é procurar evitar as fibras plásticas, como o poliéster, que são fontes de microplástico e que dificultam o controle dos impactos ambientais. Além disso, é importante tomar cuidado para não comprar roupas cuja composição tenha uma porcentagem dessas fibras plásticas porque sua reciclagem se torna inviável. Alguns “plant-based fabrics” mais sustentáveis estão em desenvolvimento, como os tecidos à base de fibras de coco, e podem ser uma alternativa para o futuro. Além disso, existem algumas soluções que substituem o uso de produtos químicos nos processos de fabricação de tecidos e diminuem os impactos ambientais relacionados ao seu uso, uma delas é a utilização de enzimas.
Mas, acima de tudo, o mais importante é ser um consumidor consciente, pense bem antes de realizar novas aquisições, pergunte a si mesmo se você realmente precisa daquela roupa naquele momento. Sempre que sentir a necessidade de renovar algumas peças, lembre-se que elas podem não servir mais para você, mas farão a alegria de quem precisa.